A tensão tomava conta do escritório principal na mansão Ferraz. O ar parecia pesado, carregado com a fúria contida de Enrico, que andava de um lado para o outro, incapaz de aceitar a ideia absurda que acabara de ouvir.
Enrico: Mãe, pelo amor de Deus, estamos no século XXI. Não existe mais isso de casamento arranjado.
A voz dele cortava o silêncio como uma lâmina. Eleonor, firme como sempre, observava o filho com aquele olhar que misturava paciência e autoridade. Ela cruzou as pernas, mantendo a postura impecável.
Eleonor: Podemos até estar no século XXI, mas precisamos desse casamento.
Encostado na estante de livros, Edgar mantinha os braços cruzados e o olhar sério. Ele não estava menos incomodado, mas sua reação era mais contida.
Edgar: Mas precisa ser com a mesma mulher? Eleonor: Essa foi a condição deles.
Enrico revirou os olhos com desgosto. A ideia o corroía por dentro.
Enrico: Tá de brincadeira? Ela é tão feia que precisa de dois homens para se sentir atraente?
Eleonor: Não sabemos. Nunca vimos ela, nem mesmo por fotos.
Com as mãos na cintura, Enrico se virou para o pai, que até então observava tudo em silêncio, com expressão carregada. Enrico: Isso é sério, pai? Vai nos meter nessa?
Vicenzo suspirou profundamente, o peso da responsabilidade estampado no rosto. Sua voz saiu firme, mas carregada de resignação.
Vicenzo: É a nossa única escolha, meu filho
Enrico: E você? Vai aceitar isso numa boa?
Ele lançou a pergunta ao irmão, buscando algum apoio.
Edgar: Não tenho muita escolha. Fazer o quê?
Sem conter a irritação, Enrico saiu do escritório, batendo a porta atrás de si. O silêncio que se seguiu foi incômodo.
Vicenzo: Nos desculpe, meu filho.
Edgar: Não há o que desculpar, pai. Estão fazendo o melhor para nós... e para a máfia. O Enrico precisa aceitar que temos deveres a cumprir. A vida não se resume a diversão.
Com um aceno breve, ele também deixou a sala.
Eleonor permaneceu sentada por alguns segundos, olhando para o nada.
Eleonor: Como eu queria que o Enrico também tivesse esse tipo de pensamento...
Enquanto isso na Mansão López...
Na mansão López, a atmosfera era outra: intensa, imponente, marcada por uma aura de controle absoluto. Roger caminhava pelos corredores silenciosos até parar diante de uma porta entreaberta.
Roger: Filha?
Do outro lado da sala, a resposta veio rápida e fria. Susanna: Já estou indo, pai!
Ela acabava de quebrar o braço de um homem com precisão. Ele gritava no chão, contorcendo-se de dor, mas Susanna nem piscava. Seu olhar era impassível.
Susanna: Isso é o que acontece quando tentam me passar a perna. Deem um fim nele e arrumem essa bagunça.
Murmurou a última parte para um dos vapores da casa, enquanto limpava as mãos ensanguentadas com uma toalha de linho.
Rogerr: Conseguiu dar uma lição naquele cretino? Susanna: Sim. Ele não vai ser mais um problema.
Caminhando com elegância até a sala de estar, Susanna entrou com naturalidade, já pegando um copo de uísque. Simone estava ali, sentada no sofá, observando cada movimento da filha com olhos atentos.
Susanna: Eles aceitaram mesmo?
Roger: Sim, mas parece que o filho mais novo está relutante. Ela riu com desdém, sem se abalar.
Susanna: Não se preocupem, assim que ele me ver, vai facilitar.
Simone: Será, filha?
A provocação da mãe a fez sorrir ainda mais.
Susanna: Eu sou Susanna López, herdeira da máfia. Tudo o que quero... EU Consigo.
Ela se serviu de mais um gole do uísque, olhando para o horizonte com um brilho predador nos olhos.
Susanna: Estou animada para adestrar meus cachorrinhos. Roger gargalhou alto do outro lado da sala.
Roger: Só podia ser filha da sua mãe mesmo.